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Entrevista: Carlos Tavares D’Amaral, presidente da Associação Empresarial de Blumenau (ACIB)

“Não defendemos golpismo ou intervenção militar, queremos mais ética na política”
 

É assim que o presidente da Associação Empresarial de Blumenau (ACIB) se refere ao movimento do dia 15 de março que levou milhares de pessoas às ruas e que terá uma segunda edição no dia 12 de abril. Assim como a ACIB, várias entidades, como a OAB Blumenau, vão participar da manifestação que visa a levar pleitos contra a impunidade, pela ética e moralização da política. Este foi um dos temas que Carlos Tavares D’Amaral abordou na reunião do Conselho da OAB, realizada na sexta-feira, dia 27 de março. Acompanhando por Charles Schwanke, diretor executivo da ACIB, Amaral falou sobre o trabalho da entidade e destacou as bandeiras defendidas pela associação, como a infraestrutura viária, segurança pública, inovação e redução da carga tributária.
Amaral agora, se prepara para mais um desafio: concorrer à reeleição. O pleito está marcado para 27 de abril. Em março de 2013, ele, ao lado do empresário Avelino Lombardi, foi eleito por unanimidade. Agora, a dupla concorre novamente.
Amaral foi vice-presidente da entidade durante oito anos: nas duas gestões de Ricardo Stodieck e nas duas de Ronaldo Baumgarten Jr. Blumenauense, diretor administrativo da Cia. Hering, e vice-presidente da Facisc para o Vale do Itajaí, o empresário é graduado em Engenharia de Telecomunicações pela PUC do Rio de Janeiro. Possui pós-graduação em Gestão de Negócios pela Fundação Getúlio Vargas. Sua carreira profissional foi inteiramente dedicada à Cia. Hering, onde atua desde 1975.

Desde que assumiu a ACIB, há dois anos, qual foram as principais bandeiras defendidas em sua gestão? O que deu certo e o que ficou pendente? Por quê?
Embora meu envolvimento com a ACIB tenha iniciado há muitos anos, foi em 2013 que assumi a responsabilidade maior de liderar esta entidade, eleito presidente, com o auxílio imprescindível do vice-presidente Avelino Lombardi e de toda a Diretoria e Conselho. Nossa intenção sempre foi a de construir uma gestão de continuidade e não de ruptura. Por isso, estamos dando seguimento a todos os projetos que já se encontravam em andamento na associação e cobrando do Poder Público as ações prometidas e ainda não realizadas. Algumas das nossas bandeiras: nova Ponte do Centro de Blumenau, firmando nossa opinião contrária à mudança de projeto; obras de infraestrutura viária como a duplicação da BR-470; a extensão da Via Expressa (SC-108); a Ferrovia da Integração; contorno de Gaspar; luta pelo não aumento da carga tributária, com diversas ações como o Feirão do Imposto (realizado pela ACIB Jovem), participação do Bolo Tributário,apoio ao Observatório Social; Presídio Regional; construção do Centro de Inovação em Blumenau; ações para contenção de cheias; apoio ao Movimento Brasil Livre. Uma das únicas bandeiras que avançou foi o Presídio Regional de Blumenau. 

A ACIB tem um imenso envolvimento em praticamente todas as questões do município, seja segurança, educação, ou trânsito. O que motiva a entidade a se engajar nestas questões? E por que é tão difícil conseguir algum tipo de mudança, especialmente quando envolve setor público (governo federal ou estadual)? A burocracia atrapalha?
É difícil fazer as coisas acontecerem. A burocracia atrapalha, sim, até mesmo os próprios governantes que, por mais que tenham boa vontade, acabam muitas vezes tolhidos em razão de sistemas complexos e burocráticos para a execução das obras. Nossa motivação é a que guia a entidade desde o início da sua existência: proporcionar melhor qualidade de vida para a sociedade e o desenvolvimento econômico da região.

Há alguns anos foi criado o grupo chamado de G6, composto por algumas entidades do município. Qual a principal atribuição deste grupo e quais as entidades que o compõem?
O objetivo é tratar de uma agenda positiva para Blumenau. Participam ACIB, CDL, Ampe, Intersindical Patronal, Codeic e OAB. Definimos junto ao Governo do Estado as prioridades para a região, sendo que a maioria coincide com as bandeiras da ACIB.

A ACIB foi uma das grandes motivadoras do movimento do dia 15 de março, contra a corrupção. Agora está incentivando e apoiando um novo movimento para 12 de abril. O que motiva a entidade a encabeçar tal movimento? 
A motivação foi para que as outras entidades aderissem também ao movimento. A organização não é da ACIB, mas estamos apoiando as manifestações, levando nosso pleito contra corrupção, a impunidade e o aumento do número de vereadores em Blumenau, por exemplo. Nossa participação é apartidária. Não defendemos golpismo ou intervenção militar, queremos mais ética na política. É importante frisar que a organização ou a liderança do movimento não são da ACIB nem das entidades empresariais. Estamos apenas apoiando e participando do Movimento Brasil Livre. A próxima manifestação está marcada para dia 12 de abril. 

Como a entidade visualiza o momento político que vive o país hoje?  
Uma demonstração de civismo, de respeito aos bens públicos, de união de uma sociedade que já está farta de tantos desmandos, crises e escândalos. Isso foi o que vimos nas ruas de Blumenau e de todo o Brasil no dia 15 de março. E essa insatisfação não foi demonstrada apenas por empresários, mas por donas de casa, caminhoneiros, profissionais liberais, professores, estudantes. Foi uma nação expondo suas preocupações, frustrações, reivindicações e angústias. No entanto, mostrando também que ainda tem fé e acredita em mudanças. Como diziam algumas placas levantadas na manifestação, não queremos mudar de país, o que queremos é que o país mude. Queremos o nosso Brasil de volta!Esse foi o mote principal do movimento: mudança. Diante de tantas arbitrariedades do Governo, como aumento no combustível, reajuste na tarifa de energia elétrica, inflação, elevação da carga tributária para os empresários, corrupção, o que mais desejamos é ver esse cenário virar passado. A intenção da ACIB e das demais entidades empresariais de Blumenau ao participar do movimento não foi levantar qualquer bandeira partidária. Fomos expor nossa insatisfação e nossa indignação. Estávamos representando não apenas uma classe empresarial cada vez mais acachapada, rebaixada econômica e moralmente, mas também uma sociedade que se vê acuada, que não está encontrando saída para tamanha perversão do sistema político brasileiro. A ACIB quis, com isso, mostrar sua força e união. Tivemos a participação de muitos associados e diversos diretores da entidade, de forma pacífica, para fazer valer nosso direito de opinião, para atestar nossa contrariedade. Somos a favor do Brasil, da ética, da integridade, de uma política econômica que leve desenvolvimento para todo o país e não recessão, do enxugamento da máquina pública e da gestão eficiente. Por tudo isso avalio de forma extremamente positiva nossa participação no Movimento Brasil Livre. Porém, este dia 15 de março foi só o início. É necessário continuar mostrando nossa união, e gritar alto para que as mudanças efetivamente ocorram. 

A ACIB vai eleger o novo presidente dia 27 de abril. Vais concorrer novamente? Qual será a bandeira a ser defendida?
Sim, concorrerei à reeleição, junto com o vice-presidente Avelino Lombardi. As bandeiras continuam as mesmas, sobretudo com relação ao não aumento dos impostos e da carga tributária.

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